No dia 21 de setembro de 2025, às vésperas do equinócio, vivemos um eclipse solar aos 28 graus de Virgem, um ponto do zodíaco que nos convoca à clareza, ao discernimento e à reorganização da vida. O eclipse acontece em tensão com Saturno em Peixes, e é justamente nesse diálogo entre a ordem virginiana e a fluidez pisciana que somos chamados a refletir sobre as escolhas que fazemos e os rumos que tomamos.
Virgem representa o detalhe, o cuidado e o serviço. É o signo que busca organizar o caos em pequenas porções que separa, classifica e encontra lógica onde antes só havia desordem. Peixes, pelo contrário, dissolve fronteiras, entrega-se ao mistério, acolhe o que é intangível. Quando Saturno em Peixes desafia este eclipse, vemos a vida exigir de nós maturidade e responsabilidade diante do que não controlamos.
Como todo eclipse, este marca finais e começos. O que já não serve ao propósito da alma é encerrado, ainda que à revelia da nossa vontade. O que precisa nascer ou renascer encontra espaço, mesmo que ainda não saibamos nomeá-lo. É um processo de luto e de semeadura ao mesmo tempo: despedimo-nos do que já não faz sentido e abrimos terreno fértil para novas possibilidades.
O eclipse em Virgem quer que olhemos para o que é concreto, palpável e mensurável. Saturno em Peixes lembra-nos que nem tudo se controla, que há correntes invisíveis guiando a vida, e que resistir só nos traz desgaste e adia todo processo. Entre organizar e entregar, o aprendizado é perceber que a verdadeira ordem nasce quando nos alinhamos ao fluxo maior da existência.
Rotinas e hábitos passam por uma séria revisão. O que antes parecia funcionar pode já não se sustentar. Questões de saúde pedem atenção redobrada: o corpo responde aos excessos, ao desleixo e às resistências emocionais. Relações e projetos podem ser testados. Só permanecerá o que tiver estrutura e verdade. Um chamado de cura profunda se faz ouvir: dissolver velhas culpas, perdoar e libertar-se do peso do passado.
Este eclipse chega para mostrar que estabilidade não é rigidez, mas a capacidade de adaptar-se às mudanças. A ordem virginiana só cumpre sua função quando está a serviço da vida e não quando tentamos engessá-la. O convite é reorganizar o que precisa ser revisto, sem esquecer que a alma também precisa de espaços de mistério, silêncio e entrega.
Assim, entre a disciplina de Virgem e a rendição de Peixes, este eclipse desenha um portal de maturidade: somos chamados a crescer, a abandonar velhas certezas e a confiar que, mesmo no aparente caos, a vida segue um propósito maior.