Já no início de março começamos a sentir que algo nos direciona para algumas mudanças, que podem começar a ser sentidas, de fato, a partir de 25 de março, dia marcado pelo primeiro eclipse deste ano. Ele acontece aos 5 graus de Libra e chega em ótimo aspecto com Plutão em Aquário, o que nos mostra que as mudanças começam “pra valer”! Acredito que seja um eclipse bastante positivo, apesar de algumas incertezas que vamos sentir logo no início do evento.
Vamos lembrar que um eclipse só ocorre quando a Lua está na fase Nova ou Cheia. Se está na fase Nova, é um eclipse solar, porque a Lua está entre o Sol e a Terra. Se na Cheia, é lunar, porque a Terra está entre Lua e Sol. Todos os anos vivemos sob as energias de, pelo menos, 4 eclipses, dois solares e dois lunares. Algumas raras vezes temos 6 eclipses ao longo de um só ano.
Eclipses são fenômenos que, querendo ou não, nos impactam com mudanças. A palavra mudança às vezes nos assusta, todos sabemos que mudanças fazem parte da vida terrena, que está sob a regência da grande Lei da transitoriedade, que nos diz que nada é permanente, a não ser a própria mudança.
Às vezes as mudanças são dolorosas mesmo, especialmente quando os eclipses chegam muito pressionados por planetas como Saturno, Urano ou Plutão, ou tocando pontos de tensão em nossos mapas pessoais, com perdas de pessoas, empregos, dinheiro, saúde. Às vezes, infelizmente, a vida precisa fazer cumprir nosso destino e nesses momentos, em que a vida nos é pouco generosa, lapidamos nosso caráter e adquirimos mais força, consciência e maturidade emocional. A dor, sabemos, pode nos corroer em muitos momentos.
Mas muitas vezes, os eclipses trazem mudanças surpreendentemente boas, cheias de novidades e esperança da chegada de um novo ciclo de vida, construído, na maioria das vezes, com algum trabalho e muitas recompensas. É o caso deste primeiro eclipse, que chega em ótimo aspecto com Plutão e Lua e Plutão e Sol. Um ciclo se fecha para que um outro comece a se abrir em 8 de abril, no segundo eclipse do ano. O primeiro é um eclipse lunar, ou seja, de Lua Cheia e o segundo um solar, de Lua Nova.
Eclipses nos ensinam o mais difícil, que é exercitar o que no budismo e em algumas linhas esotéricas é chamado de desapego. Procurem refletir sobre o significado dessa palavra. Não confundam desapego com falta de amor e cuidado. Desapego é a capacidade de deixar ir, de fluir e seguir com leveza esse fluxo, que é o fluxo da vida. É um tempo que devemos exercitar o distanciamento emocional do que está por vir, não alimentar a ansiedade, apenas observar os acontecimentos e a vida, de maneira ampla.
É necessário exercitar o distanciamento emocional, porque as emoções costumam nos confundir, nos privar da clareza. Se nos deixarmos levar por elas, em tempos de eclipses, não conseguimos deixar a vida acontecer naturalmente. Não vale a pena tentar controlar os acontecimentos. Sem o distanciamento, acabamos prisioneiros dos medos que emergem de processos emocionais mais profundos, nos quais podemos nos perder. O medo é muito importante em qualquer processo, mas temos que tê-los sob controle. Quando somos dominados por ele, perdemos a capacidade de raciocinar, pensar e agir com sabedoria. Quando isso acontece, podemos paralisar e nossa capacidade de discernir e discriminar ou pior, ela pode desaparecer.
Eclipses sempre trazem acontecimentos marcantes, que são divisores de águas em nossas vidas; aqueles acontecimentos que nunca esquecemos, como um casamento, um divórcio, o nascimento de um filho, a perda de alguém querido, uma mudança de casa, cidade ou país, a abertura de um novo negócio ou de um emprego ou função importante que conseguimos depois de muito tempo de esforço, enfim, eles nunca trazem mudanças sem um significado marcante.
Normalmente, sentimos os sinais dessas mudanças, muito antes do dia exato dos eclipses acontecerem, algumas semanas normalmente e as mudanças seguem por, pelo menos, seis meses, podendo se estender a até dois anos.
Os eclipses sempre sinalizam o que está por vir. E, se tentarmos controlar os acontecimentos, certamente o sofrimento vai aumentar consideravelmente, pois o controle, muitas vezes, é a causa do aumento do sofrimento. Lembre-se sempre: siga o fluxo, deixe ir o que precisa ser deixado no passado. Deixar a vida acontecer prestando atenção aos sinais e observar para onde ela nos leva é uma arte a ser aprendida no decorrer da vida e é um trunfo que temos nas mãos em tempos de eclipses.
Lembre-se, quanto mais consciência, menos sofrimento.
É importante mantermos a serenidade nos momentos de mudanças, pois ela nos possibilita a compreensão, que nos deixa abertos e livres para abraçar o novo ciclo de vida que começa a desenhar-se. Assim é a vida; é dessa forma que evoluímos.
As mudanças acontecem, não adianta tentar manter o que a vida diz que terminou. Ela nos diz: coloque os remos dentro do barco e relaxe; agora o controle não está mais em suas mãos. E dessa forma, somos levados aonde devemos chegar. É claro que devemos fazer nossa parte, mas o comando dessa viagem não está mais em nossas mãos.
Não temos outra saída, a não ser deixar a vida nos levar para mais uma etapa. Um ciclo se completa e outro começa natural e sincronicamente. Vamos torcer para que ela seja sempre um pouco mais piedosa e generosa com todos nós.